sábado, 15 de setembro de 2012

Bromance ou romance? Todos a bordo do S.S Stylinson!


Semana passada no VMA, depois do One Direction ganhar seu terceiro Moonman, Harry Styles e Louis Tomlinson 
deram um enorme e caloroso abraço “bromantic” (um abraço tipo de irmãos). Mas deveria ter sido um grande, caloroso e romântico beijo? Alguns fãs de 1D acham que sim.
Duas semanas atrás eu escrevi um post no blog com o título: “E se algum membro do One Direction for gay?” e nele eu me perguntei o que aconteceria se um deles decidisse contar ao mundo que é gay. “Suas milhares de fãs aceitariam bem a notícia?”, eu perguntei. Eu mencionei rumores sobre Harry e Louis, mas na minha mente o artigo não era sobre se algum deles é gay, mas se os fãs da música pop estão preparados para uma relação gay “fora do armário”.
A resposta foi um sonoro “sim!”. Horas depois de o artigo ser publicado, meu iPhone começou a “apitar” várias vezes com notificações de que eu tinha ganhado novos seguidores no twitter com usernames como “LarryStylinson4Eva” (“Larry Stylinson para sempre”) e “Larryisreal” (“Larry é real”).
Para os que não sabem, “Larry Stylinson” é um apelido combinando os nomes de Harry Styles e Louis Tomlinson, como os apelidos dos tablóides tipo “Bennifer” e “Brangelina”. Contudo, enquanto Ben/Jen e Brad/Angelina são documentados como casais reais, a existência de “Larry Stylinson” como um romance está em debate. Nem Harry, nem Louis ou os empresários deles declararam publicamente que há uma relação romântica entre os dois (e também não negaram). Ainda assim, os fãs de Larry querem tanto que os dois fiquem juntos que #LarryStylinson tem se tornado um fenômeno da mídia social em todo o mundo, juntamente com um sistema de crença quase religiosa.
Eu comecei a receber tweets que diziam coisas do tipo: “Você é o primeiro adulto que escreveu sobre Larry com respeito”, “Um profeta falou” e “Ben Harvey, você é meu Deus” (Vocês conseguem acreditar que vocês estão lendo um post do HuffPost escrito por uma divindade verdadeira?). Logo, dezenas de fãs de Larry me enviaram links para a “bíblia de Larry” (um vídeo de 15 minutos com clipes de Harry e Louis em entrevistas, se abraçando no backstage e olhando um pro outro da maneira que você olha para alguém com quem você divide um maravilhoso segredo.

Depois de assistir a “bíblia”, eu twittei: “Ok, eu estou a bordo com vocês, fãs de #Larry. O que quer que seja que esteja acontecendo entre eles, é lindo.”. Eu escrevi aquele tweet sem perceber o tamanho do fandom (grupo de fãs de determinado artista/banda). O que veio depois foi a minha própria versão microscópica do que acontece quando você experiencia uma fama viral, uma medida pequena do que os garotos do One Direction experienciam todos os dias.
Primeiro chegou a notícia de que eu tinha sido escolhido como o “co-capitão” do “navio Stylinson”. (em fandoms desse tipo, aqueles que estão a bordo com um certo par romântico falam que “shippam” (aprovam) aquele casal e, consequentemente, o fandom existe em um “barco virtual”) Depois veio o post “Por que Ben Harvey é Deus?” e o desenho de uma fã me representando como um deus em um cachecol arco-íris no “navio Larry Stylinson”, também conhecido como “o navio dos sonhos”.
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Depois alguém criou um tumblr dedicado a mim, dizendo coisas do tipo: “Ele é o único que trabalha neste ramo que entende nós que acreditamos em Larry.” Tinha até um fã jovem gay de Larry que ficou muito animado por eu ter clicado em “like” em seu tumblr que até criou um vídeo falando sobre isso. Tudo isso em menos de 48 horas depois de o meu artigo ter sido publicado.
Antes que eu pudesse ficar confortável vestindo minha roupa náutica de capitão, a maré mudou, e algumas pessoas do fandom de Larry se viraram contra mim. Eu ganhei haters! (pessoas que odeiam alguém) Tinha um post falando: “Eu estou cansado dessa coisa toda do Ben Harvey” e depois tweets conspiratórios dizendo que eu ia ser pago pelos empresários do One Direction para sumir com meu post. Eu recebi emails de “shippers” (pessoas que aprovam um relacionamento) mais velhas de Larry que me avisaram para não me vincular a certos tumblrs, porque muitas dessas garotas adolescentes viam o tumblr como sua comunidade de fãs privada. E alguns devotos de Larry ficaram desconfiados de que eu tivesse desrespeitado a “quarta parede”, uma ideia de que fãs que “shippam” alguém não devem falar com a imprensa ou com o mundo exterior sobre o fandom (algo que eu espero que minha “família Larry” possa me desculpar depois de ler essa parte). Em “Uma carta aberta ao Ben Harvey”, alguém me avisou: “Por mais que eu (e todos os shippers de Larry) queiram que Harry e Louis se assumam e sejam felizes em público e, no geral, sejam eles mesmos na frente do mundo, eles simplesmente não podem, não agora.”
Como vocês podem ver, nem tudo é arco-íris e sorrisos dentro do submundo dos fãs de Larry; na verdade, os sentimentos são fortes. Muitos acreditam que tem uma conspiração combinada para manter Harry e Louis “dentro do armário”, e que Eleanor, a declarada namorada de Louis na vida real, é sua “barba” (pessoa paga para namorar outra e esconder que o ‘parceiro’ é gay e consequentemente ganhar ‘fama’ junto), providenciada por sua gravadora para fazer com que Louis pareça hétero. As tensões são altas entre aqueles que “shippam” Louis e Eleanor e aqueles que “shippam” Larry, e o fandom de Larry muitas vezes se sente ridicularizado por outros fãs do One Direction e por bloggers. Os fãs de Larry apontam para um artigo em particular que os pinta como delirantes e os acusa de ignorar situações da vida real – como namoradas – como meros obstáculos à sua crança.
Eu não acho que o “Team Larry” seja delirante – longe disso. Na verdade, eu creio que o fato de eles serem delirantes ou não é menos importante do que esse movimento oferece: um dos sinais mais corajosos que nós já vimos para o futuro da igualdade e aceitação do LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais).
Como um garoto tímido que eu era no início de 1990, com medo do homem gay que eu estava me tornando, eu passei um verão inteiro no MicroMUSE, um ambiente virtual que nos permitia interagir no Cyberion City, uma estação espacial orbitando a terra do século 24. Era um universo paralelo baseado em um texto, um precursor para mundos de realidade aumentada em um mundo de jogos como Sim City ou Second Life. Eu aprendi como codificar e construir objetos virtuais. Eu fiz amigos virtuais, me tornei um “mago”, e me engajei na política “por trás das cenas” do jogo. De uma forma estranha, era o único lugar que eu sentia como se eu pudesse ser eu mesmo. Através do MicroMUSE eu aprendi como interagir com as pessoas no mundo virtual antes de eu me sentir confortável fazendo isso no mundo real. Mas o que estava faltando pra mim era uma conexão com o universo gay e com sinais de que haviam pessoas que se sentiam da mesma maneira que eu me sentia.
Hoje, as crianças não precisam mais se esconder em mundos virtuais para se descobrirem. Elas têm um painel na mídia social na ponta de seus dedos, cheio de mensagens afirmando que há gays na vida real dos fenômenos da cultura pop como o One Direction. O fandom de Larry é uma comunidade nascida online que quer felicidade não apenas para Harry e Louis, mas também para a sociedade gay como um todo.

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